quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Decadência decadente

Passaram quase dez anos desde que fiz descobrir em mim uma capacidade que durante muito tempo pensei que me fosse impossível: Criar música. E desde então sinto sempre presente um receio de que seja uma capacidade passageira, que mais tarde ou mais cedo abandonará para sempre a minha mente, deixando um vazio que rapidamente a vida quotidiana apagará. Como é natural, penso eu, senti uma necessidade enorme de encontrar pessoas com as quais seria possível recriar em tempo real as sensações (que mais tarde se tornavam composições) que ia sentindo.
No entanto, passei por fases nas quais simplesmente não consegui criar nada de novo: quase dois anos seguidos. Não encontro uma explicação lógica para tal facto, simplesmente não senti aquele incómodo típico que por muitas vezes me obrigou durante a noite a levantar-me, pegar num papel, caneta, e começar a escrever o mais rapidamente possível tudo o que me ia passando pela cabeça, como alguém que tenta ler as legendas de um filme ao mesmo tempo que tenta apreciar todos os pormenores das 24 imagens que passam por segundo, sentado na primeira fila de uma qualquer sala de cinema.
Nestes últimos dias, tenho sentido uma vontade enorme de voltar a acordar esta capacidade que espero que esteja apenas adormecida, e que o meus receios não tenham nenhum fundamento.
Esta é a razão pela qual criei este blog, para poder partilhar com quem por cá passar.

3 comentários:

Raquel Alão disse...

A minha criatividade pertence a outros domínios, mas comigo há um "truque" que parece ajudar a despertar da dormência e a despoletar a inquietude... Não ver televisão! Não há instrumento mais brilhante para a estupidificação humana... Não é que seja a causa (que a estupidez é parte integrante do processo de estar vivo...), mas é um poderoso motor.

Maldita a hora em que voltei a ter televisão em casa e aquelas séries todas a poluirem-me os neurónios...

João Guerra disse...

De vez em quando ainda vão surgindo uns programas interessantes na televisão.

E caso isso falhe, sempre há o Seinfeld e afins...

Raquel Alão disse...

Sim, há séries interessantes, mas o problema é esse mesmo... Parece que "pensam" por mim...